Estou farto de mim mesmo,
Desta sombra que me segue,
Dos murmúrios que carrego,
Dos sonhos que me negue.
Estou farto do meu riso,
Que ecoa sem razão,
Do vazio do improviso,
Que alimenta a solidão.
Estou farto dos meus passos,
Que me levam sempre ao fim,
Dos espelhos e seus traços,
Que revelam só a mim.
Estou farto da lembrança,
Que insiste em me encontrar,
Dessa eterna insegurança,
Que me impede de voar.
Estou farto do meu rosto,
Que não muda, não se vai,
Deste ser que sempre imposto,
Mesmo quando a vida trai.
Estou farto de mim mesmo,
Desse eu que se desfaz,
Quero um novo recomeço,
Onde eu possa encontrar paz.